A educação atravessa séculos e períodos da humanidade. Definida como uma ferramenta de transformação e libertação por parte dos principais pensadores clássicos, suas raízes remetem à Grécia Antiga, reconhecida como um dos pilares da formação cultural do Ocidente.
No período, a cidade-estado de Atenas se destacou por promover um modelo educativo que unia aspectos intelectuais, físicos e morais. Esse sistema, voltado principalmente para os jovens de famílias abastadas, buscava formar cidadãos capazes de participar ativamente da vida política e cultural da pólis.
Compreender como era a educação em Atenas ajuda a refletir sobre como os valores e práticas desse período influenciam a educação atual. Se você deseja conhecer mais sobre o sistema educativo ateniense e suas características, continue a leitura e confira suas peculiaridades.
Neste artigo, você vai ver:
Como era a educação dos atenienses?
Quais eram os principais objetivos da educação ateniense?
Como era a educação espartana e a educação ateniense?
Qual a influência da educação ateniense na educação contemporânea
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Como era a educação dos atenienses?
A educação em Atenas era voltada para a formação integral do indivíduo, abrangendo disciplinas intelectuais, esportivas e culturais.
No entanto, o acesso a essa formação não era coletivo, sendo restrito aos meninos de famílias cidadãs. As meninas, por outro lado, eram educadas em casa, com foco em habilidades domésticas.
A formação dos jovens atenienses começava na infância, por volta dos sete anos, quando os meninos deixavam o ambiente familiar para frequentar a paidêia, um sistema educativo baseado em três pilares: a ginástica, a música e a escrita.
Não há uma tradução exata de Paideia nas línguas modernas, mas a palavra carrega conceitos, como: civilização, cultura, tradição e literatura.
Essa etapa inicial era conduzida por tutores conhecidos como pedagogos, que acompanhavam os jovens em seu aprendizado e comportamento.
Durante a educação formal, os meninos aprendiam a ler, escrever e contar, habilidades requisitadas para a participação nos assuntos públicos. Além disso, a música e a poesia eram valorizadas, contribuindo para o desenvolvimento cultural e moral dos alunos.
O pilar de ginástica, ou gymnastike, contemplava atividades físicas com o objetivo de promover a saúde das crianças. Já no aspecto intelectual - mousike - as aulas eram focadas na apreciação da dança e das manifestações artísticas.
Aos 18 anos, os jovens ingressavam na última etapa da educação, conhecida como efebia. Durante esse período, recebiam treinamento militar e participavam de atividades cívicas, sendo preparados para assumir suas responsabilidades como cidadãos atenienses.
Para os gregos, o equilíbrio entre o corpo físico e a alma era o modelo ideal para formar as virtudes da temperança e da moderação nos jovens
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Quais eram os principais objetivos da educação ateniense?
A educação ateniense tinha como objetivo formar cidadãos completos, capazes de contribuir para a vida política, militar e cultural da cidade. A formação equilibrava as dimensões intelectual, física e moral, garantindo que os jovens estivessem preparados para os desafios da vida adulta.
No âmbito intelectual, o ensino de leitura, escrita e cálculo permitia que os cidadãos compreendessem as leis, participassem de debates e exercessem seus direitos políticos. A retórica e a oratória também eram valorizadas, já que eram colocadas em prática nos tribunais e na Assembleia Popular.
A prática de esportes e o treinamento militar também ganhavam espaço. A educação física promovia a disciplina, a força e a resistência, qualidades para a defesa de Atenas em tempos de guerra.
Por fim, a dimensão moral e cultural era cultivada por meio do ensino de música, poesia e filosofia. Obras de autores como Homero eram estudadas, pois transmitiam valores como coragem, justiça e honra.
Como era a educação espartana e a educação ateniense?
Apesar de estarem situadas na mesma nação, Esparta e Atenas possuíam diferenças políticas, econômicas e sociais. A educação, assim como os demais aspectos, também se distinguia entre as localidades.
Em Esparta, a educação era utilizada para que o cidadão absorvesse os valores militaristas. Dessa forma, os jovens faziam um treinamento físico para desenvolver a resistência e a força, características valorizadas para as batalhas militares e defesa da pólis.
Já a educação ateniense, por outro lado, buscava um equilíbrio entre mente e corpo. Ela era voltada ao humanismo e tinha como principal objetivo, formar seres críticos, reflexivos e conscientes do contexto em que viviam.
Outra diferença entre elas é que a educação espartana era voltada para o modelo aristocrático, em outras palavras, o “governo dos melhores”. Já a educação praticada em Atenas, tinha como foco o exercício da democracia.
Qual a influência da educação ateniense na educação contemporânea?
A civilização grega contribui fundamentalmente para a construção da civilização moderna. Foram os gregos que deram origem à política, à educação, à engenharia civil, à legislação, à arte e à filosofia.
No âmbito educacional, não é diferente. Muitos dos valores cultivados nesse modelo, como o incentivo ao pensamento crítico e a valorização das artes e das ciências, permanecem até hoje como pilares da educação moderna.
A ênfase na retórica e na oratória, por exemplo, moldou a maneira como a comunicação e os debates públicos são realizados até os dias atuais. Esses aspectos foram incorporados pelo Império Romano e, posteriormente, pelas democracias modernas, que herdaram a importância da participação ativa dos cidadãos.
Além disso, a filosofia ateniense, representada por pensadores como Sócrates, Platão e Aristóteles, continua a influenciar não apenas a educação, mas também a ética, a política e as ciências.
Embora o sistema ateniense não fosse inclusivo, sua contribuição para a evolução da educação é inegável, servindo como base para o desenvolvimento de modelos que buscam equilibrar as dimensões intelectual, física e ética do aprendizado.
Porém, nem tudo foi herdado. Se outrora a educação proposta por Atenas visava o desenvolvimento integral do aluno, hoje, o ensino é ditado pela competitividade e pela busca por resultados.
A educação contemporânea, em muitos casos, foca no desempenho acadêmico, na preparação para provas e no mercado de trabalho, deixando de lado, por vezes, aspectos como o desenvolvimento cultural, artístico e moral, valorizados no modelo ateniense.
Essa mudança reflete as demandas de uma sociedade orientada pela produtividade, pela tecnologia e pela busca por resultados.
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