O diálogo é essencial para qualquer tipo de relação interpessoal, inclusive com as crianças. Mas para garantir que o vínculo seja formado e que se tenha uma comunicação eficiente, é importante praticar a escuta ativa durante as conversas.
Esse conceito é muito popular no mundo corporativo, mas também pode ser aplicado na rotina na educação infantil, tendo em vista que ele contribui para uma comunicação mais assertiva e desenvolvimento de habilidades emocionais e sociais.
Neste artigo você irá ver:
O que é escuta ativa?
Benefícios da escuta ativa
Quais são os 3 tipos de escuta ativa?
Como realizar uma escuta ativa?
Qual a diferença entre escuta ativa e escuta passiva?
A escuta ativa com crianças
O que é escuta ativa?
A escuta ativa é quando o ouvinte de uma conversa está totalmente focado naquilo que está sendo dito, a fim de compreender e validar o que o emissor está falando ou sinalizando de outras maneiras (gestos, expressões faciais e até o silêncio).
Essa é uma escuta genuína, cuidadosa e com empatia. Ao entender a situação exposta, o ouvinte pode se manifestar de forma verbal ou não-verbal, sinalizando que compreendeu as informações ditas. De acordo com a psicóloga Juliana Guedes:
“A partir dessa escuta é possível ajudar a enxergar outras perspectivas, fazer conexões, além de ser essencial na resolução de conflitos. Por isso, é tão importante para o desenvolvimento socioemocional de crianças e adolescentes” — Juliana Guedes, psicóloga
Além disso, a psicóloga afirma sobre a importância de praticar a escuta ativa no ambiente educacional, pois assim é possível construir um espaço inclusivo e acolhedor.
Benefícios da escuta ativa
Por meio da escuta ativa os cuidadores podem garantir diversas vantagens para o desenvolvimento das crianças. Dentre os benefícios, destacam-se:
Incentivo à colaboração;
Aperfeiçoamento da comunicação;
Resolução de conflitos;
Fortalecimento da confiança;
Desenvolvimento de laços afetivos.
Quais são os 3 tipos de escuta ativa?
1) Escuta avaliadora
Como dito anteriormente sobre o que é escuta ativa, a escuta avaliadora é quando o receptor atenta-se à mensagem que está sendo falada e faz perguntas objetivas e diretas, a fim de receber informações suficientes para tomar uma decisão, por exemplo.
2) Escuta organizativa
Neste caso, o receptor ajuda o emissor a não se distrair ou se perder no próprio assunto. A escuta organizativa permite que o receptor conduza a ordem de informações que estão sendo ditas pelo outro indivíduo.
3) Escuta perspicaz
A escuta perspicaz pode ser entendida como uma explicação ou até mesmo uma forma de tirar dúvidas. O ouvinte escuta com atenção e, em seguida, faz perguntas abertas ao emissor, esperando por respostas para entender melhor o que foi explicado.
Como realizar uma escuta ativa?
Não escute para responder, escute para compreender! Este pode ser um vício de comunicação presente em muitas pessoas, mas na escuta ativa o importante é a compreensão.
Além disso, é importante se atentar aos momentos de aplicação da escuta ativa. Durante um desabafo, a escuta avaliadora pode não ser bem interpretada. Juliana Guedes exemplifica da seguinte forma:
“Escutar com atenção, fazer contato, estar presente, validar os sentimentos (que não significa validar o comportamento), evitar interrupções e fazer perguntas que ajudem a aprofundar a compressão e fazer conexões” — Juliana Guedes, psicóloga
É válido ter um tempo de qualidade com os pequenos para desenvolver a escuta ativa. Ensiná-los a nomear sentimentos e buscar por livros ou filmes que tratem o tema também são sugestões de realizar essa escuta.
Qual a diferença entre escuta ativa e passiva?
Pode parecer a mesma coisa, mas não é. Geralmente, na escuta passiva, o ouvinte não faz interrupções enquanto escuta pacientemente e de forma atenta.
Não há troca entre emissor e receptor, por isso a escuta passiva costuma acontecer paralela a outras atividades do dia a dia, por exemplo enquanto escuta um podcast. A escuta passiva é composta por:
Escuta apreciativa
Quando ouvimos uma história, assistimos televisão ou mesmo ouvimos música, apenas para apreciar o momento. É uma maneira de favorecer o bem-estar de quem está participando da situação.
Escuta empática
Na escuta empática, o ouvinte se coloca no lugar do emissor, a fim de compreender a fundo as emoções que estão sendo expostas. Não há julgamentos, apenas solidariedade. As respostas rápidas não existem em diálogos com essa escuta.
Explicar o que é escuta ativa e quais os benefícios dela para quem está ao redor é um meio de incentivar a prática. Para as crianças, a conversa pode ser associada ao ensinamento de valores como respeito, empatia e paciência.
A escuta ativa com crianças
É comum que pais e mães ouçam muitas opiniões sobre como cuidar dos filhos. Porém, em meio à rotina, é preciso não deixar de escutar as crianças, afinal, a convivência com elas vai melhorar se você entendê-las melhor.
“Para as famílias, isso significa uma melhor comunicação com seus filhos e uma parceria mais eficaz com a escola. Já para os professores, a escuta ativa ajuda a compreender melhor as necessidades individuais dos alunos e a adaptar sua prática pedagógica de acordo” — Juliana Guedes, psicóloga
Ao escutar os pequenos, é preciso ter em mente que nem sempre eles vão saber se expressar com os termos adequados, ou mesmo que estão entendendo as sensações que sentem.
Por isso, falar sobre emoções e nomeá-las, como a felicidade ou tristeza, são passos essenciais a serem praticados em uma escuta ativa.
O acolhimento traz mais segurança para a criança, o que ajudará ela a desenvolver habilidades de comunicação em outros meios, como com os amigos. Esse é um ensinamento que vem de casa, mas que pode ser reforçado no meio escolar.
Explique para o pequeno o quão importante é escutar o próximo e, consequentemente, ajudá-lo. Mostre que ter resposta para tudo não é solução, mas que ouvir com atenção é uma maneira de demonstrar apoio.
Lembre-se de praticar a escuta ativa também com os adultos que fazem parte do seu círculo social, afinal, todos só têm a ganhar com a prática.