Sensibilidade sensorial: saiba como identificar os sinais

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A sensibilidade sensorial é parte natural do ser humano, refletindo a capacidade de perceber e responder aos estímulos externos. No entanto, em alguns casos, essa resposta pode ser desproporcional, mais intensa ou tênue do que o esperado, levando a reações atípicas aos elementos do ambiente.


Neste artigo você verá:

O que é sensibilidade sensorial?

Sintomas do Transtorno de Processamento Sensorial

Como saber se tenho sensibilidade sensorial?

Quem tem TDAH tem sobrecarga sensorial?

Como é uma crise sensorial?




O que é sensibilidade sensorial?

Nossa percepção sensorial é composta pelos estímulos desencadeados pela luz, cheiros, sabores, tato e sons, que são interpretados pelo cérebro, sistema nervoso central e órgãos sensoriais (olhos, nariz, boca, pele e ouvidos). 

Cada pessoa pode reagir a esses estímulos de forma distinta, e é essa variação na intensidade das respostas que define a sensibilidade sensorial de cada um.

Quando uma resposta a esses estímulos é extremamente intensa ou, ao contrário, reduzida, o quadro pode se tratar de um Transtorno de Processamento Sensorial (TPS).

Transtorno de Processamento Sensorial: o que é?

O Transtorno de Processamento Sensorial (TPS) é uma condição neurológica que afeta a maneira como o cérebro processa os estímulos recebidos.

Podendo envolver os cinco sentidos humanos (audição, visão, tato, olfato e paladar), pessoas com TPS possuem maior dificuldade em organizar e reagir de maneira convencional aos estímulos, como sons, luzes, texturas, cheiros e sabores.

Recentemente, o transtorno ganhou maior visibilidade após o filho da apresentadora Giovanna Ewbank e do ator Bruno Gagliasso, Bless, ser diagnosticado com a condição.

Por serem figuras públicas, trouxeram a discussão para as mídias e maior notoriedade para essa condição que afeta várias pessoas, mas que não é reconhecida.

Sintomas do Transtorno de Processamento Sensorial



  • Intolerância a texturas e cheiros;


  • Dificuldade com mudanças;


  • Sensibilidade extrema a toques e roupas com certas texturas;


  • Dificuldades motoras finas, como em tarefas que exigem precisão (escrever, desenhar, jogar videogame).

Causas e tratamentos para o TPS 

Ainda não há um consenso sobre as causas exatas do TPS, embora a genética seja considerada um dos principais fatores associados à sua ocorrência. Já o tratamento deve ser analisado conforme as necessidades individuais, podendo envolver terapias ocupacionais, o apoio de psicólogos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, por exemplo. 


Esses cuidados ajudam o paciente a conseguir processar e organizar os estímulos de maneira mais adequada, possibilitando-o de ter uma melhor qualidade de vida.


Se associado a outro fator, por exemplo, ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), o tratamento para o Transtorno de Processamento Sensorial estará conectado, também, com a manutenção dessa outra condição.




O que vem a ser a sensibilidade sensorial?

A sensibilidade sensorial pode se manifestar de duas formas principais:

  1. Hipersensibilidade: 

Caracterizada por reações intensas a estímulos comuns, ou seja, “sentir demais”, desencadeando, por exemplo:

  • Fuga ou agitação ao ouvir sons altos;

  • Sentir cheiros mesmo que leves;

  • Desconforto ocular em ambientes claros;

  • Irritabilidade em lugares com vários estímulos juntos (ex: Festas/baladas);

  • Evitar toques físicos e alguns tipos de roupas e tecidos;

  • Dificuldade para comer determinados alimentos.


  1. Hiposensibilidade: 

Marcada por uma maior busca de estímulos, esse é o caso oposto, quando se “sente menos”. Essa condição pode levar a pessoa a: 

  • Cheirar objetos repetidas vezes;

  • Pressionar objetos contra o corpo;

  • Ferir-se sem perceber;

  • Buscar sabores fortes nos alimentos (ex: pimentas).

As reações “exageradas” aos estímulos, tidos como normais para a maioria das pessoas, costumam ser o principal sinal de hipersensibilidade sensorial. Ruídos altos, cheiros fortes, luzes intensas e até sensações táteis podem provocar um reflexo desproporcional à situação.


É comum que as variações na sensibilidade sensorial, independente de quais sejam, afetem negativamente a vida da pessoa, especialmente em atividades do dia a dia. 

Como saber se tenho sensibilidade sensorial?

A sensibilidade é um dos sintomas do Transtorno de Processamento Sensorial. O sistema nervoso não interpreta os estímulos de maneira esperada, fazendo com que a pessoa tenha uma reação particular.


Vale lembrar que, apesar de ser um transtorno que pode atingir todo o sistema, nem todas as pessoas reagirão da mesma forma à sensibilidade. 


Além disso, o TPS pode se manifestar de forma e intensidade diferentes em cada sentido. Ou seja, a criança pode não ter problemas com barulhos altos, mas apresentar uma hipersensibilidade tátil, por exemplo.


Para identificar a sensibilidade sensorial, é importante estar atento a alguns comportamentos, como: 


  • Resistência a toques físicos (ex: abraços);

  • Mudança de comportamento repentino (ex: estresse ou silêncio) -  Aqui cabe ressaltar a importância de analisar o ambiente e o que antecedeu a reação;

  • Resistência em usar algumas roupas, principalmente por conta do tecido ou elásticos. 


  • Recusa em comer certas comidas por conta do odor, textura ou barulho (ex: algo crocante);

  • Maior sensibilidade para dor;

  • Desconforto não pontual com sons em volume comum;

  • Sensibilidade excessiva à luz;

  • Dificuldade com habilidades motoras finas, por exemplo desenhar ou escrever.



Quem tem TDAH tem sobrecarga sensorial?

Apesar de pessoas com TDAH poderem apresentar sensibilidade sensorial, nem todas terão esse sintoma somático. 


Nos casos em que o indivíduo com TDAH também tem sensibilidade sensorial, as distrações relacionadas à sobrecarga dos sentidos podem afetar diretamente a atenção e hiperatividade.


De acordo com a pesquisa “Processamento sensorial na criança com TDAH: uma revisão da literatura”, realizada na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo):


“Alguns estudos internacionais evidenciam que crianças com TDAH podem apresentar dificuldades gerais no processamento sensorial principalmente em relação à modulação sensorial, relacionada à capacidade de regular e organizar o grau, intensidade e a natureza das respostas diante do estímulo sensorial, apresentando comportamentos de hiperresponsividade ou hiporresponsividade”. 


No Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), o sistema de atenção e controle de estímulos já é naturalmente alterado. Essa condição pode predispor a pessoa a ser mais sensível aos estímulos do ambiente. Seus cérebros tendem a captar e reagir a muitos estímulos simultâneos, tornando mais difícil filtrar ou ignorar os elementos ao seu redor.

Isso pode levar à sensação de sobrecarga sensorial, principalmente em situações que envolvem muitos estímulos juntos, como em uma festa com música alta e luzes piscantes. Alguns dos sinais da sobrecarga sensorial, que podem variar em cada pessoa, incluem:

  • Sensação de irritação ou estresse;

  • Fácil distração e perda de foco;

  • Vontade de chorar ou sensação de desespero;

  • Busca por isolamento;

  • Cansaço incomum.

Como é uma crise sensorial?

Uma crise de sensibilidade sensorial é uma reação ao excesso de estímulos recebidos, que agem de maneira diferente em cada pessoa. Por isso, a crise sensorial pode estar atrelada à intensidade, repetição ou despreparo em relação aos estímulos recebidos, principalmente se for algo inesperado.


A passagem de um ambiente escuro para um claro, uma conversa importante em um ambiente barulhento ou um abraço não esperado são exemplos de situações que podem desencadear a crise. 


As reações comuns a um episódio de crise sensorial podem incluir: 


  • Choro ou gritos; 

  • Agitação ou agressividade;

  • Ações e falas desconexas (ex: tapar os ouvidos durante uma conversa);

  • Tentativa de fuga do problema (ex: sair do local); 

  • Tentativa de bloquear os estímulos (ex: tapar os olhos para bloquear a luz); 

  • Estereotipias (uma mesma ação repetida sequencialmente). 


Caso a criança já tenha passado por situações em que demonstrou esse comportamento, é importante identificar o que pode ter ocasionado a crise. Para evitar tal desgaste, emocional e físico, é necessário reavaliar os ambientes frequentados e os tipos de interações com pessoas e objetos de convivência da criança.