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9 coisas para saber sobre Maria Montessori

O Método Montessori é o resultado de pesquisas e experiências vivenciadas pela psiquiatra e educadora italiana Maria Montessori. O ambiente montessoriano é organizado de maneira que estimule a autonomia e independência da criança durante o processo de aprendizado, tendo como maior princípio o respeito e compreensão da individualidade da criança.

No mundo existem cerca de 65 mil escolas montessorianas. De acordo com o Mapa Nacional de Escolas Montessorianas, feito pelo site Lar Montessori, existem entre 70 e 120 escolas com a metodologia no Brasil. O número de adeptos tem crescido anualmente, tornando o sistema educacional mais conhecido por aqui.

Diversas pesquisas recentes comprovam  a eficácia do método montessoriano. Pensando nisso, fizemos essa lista para você conhecer melhor quem foi a médica italiana que revolucionou a educação.

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1 – Maria Montessori nasceu em uma época em que mais de 50% da população era composta por adultos analfabetos 

Maria Tecla Artemísia Montessori nasceu em 31 de agosto de 1870, na comuna de Chiaravalle, localizada a mais de 300 quilômetros de Roma, no norte da Itália. Filha única de uma família da classe média italiana, Montessori se tornou uma figura brilhante mas durante a escola, demonstrou pouco interesse pelos estudos.

Na adolescência, foi uma apresentação em um espetáculo de dança e teatro que despertou na jovem o sentimento de que ela tinha “coisas importantes para fazer” em sua vida. Em 1886 ela escolheu uma escola técnica focada em Física e Matemática, algo bastante atípico para uma adolescente da época. O pai de Montessori esperava que a menina se tornasse professora, entretanto, deu suporte para ela quando a mesma decidiu seguir na carreira médica. 

Maria Montessori, com 10 anos. Fonte: Lar Montessori

2- Ela foi a terceira mulher a se formar em medicina em Roma 

Mesmo contra a vontade de seu pai, Montessori cursou medicina na Universidade de Roma e em 1896 tornou-se a primeira mulher a receber o diploma de medicina da Itália unificada. Na época, o curso era reservado para homens e fazia apenas 16 anos que as universidades tinham começado a receber mulheres no campus. Montessori precisava dissecar cadáveres sozinha porque sua presença em salas de aulas com homens e um corpo nu era considerada inapropriada.

Maria Montessori em Londres, 1939. Fonte: AMI

3- Montessori criou o método educacional para ajudar crianças confinadas em hospícios, presas em reformatórios e aquelas mais pobres e desfavorecidas.

O preconceito da época em relação a mulheres exercendo a profissão médica fez com que Montessori se aproximasse da área psiquiátrica. Em 1897 começou a trabalhar como assistente voluntária da clínica de psiquiatria da Universidade de Roma. 

Junto com seu colega Giuseppe Montesano e sob a orientação de um professor ela começou a examinar crianças que pudessem ser retiradas das instituições psiquiátricas da época e serem submetidas a atividades didáticas.

Montessori constatou que o tratamento oferecido a essas crianças era absolutamente desumano. Vestidas com trapos sujos e puídos, os pequenos estavam abandonados à própria sorte e eram chamados de “retardadas”, “deficientes” e “idiotas”. 

Eram internadas nas instituições psiquiátricas as crianças com deficiência mental, epilépticas, cegas, surdas e autistas. Essas condições eram vistas como incuráveis na época, dessa forma, a única perspectiva de vida para essas crianças era o confinamento eterno dentro dos hospícios. Foi a partir daí que a psiquiatra passou a defender a necessidade de aulas e instituições especiais para essa camada excluída da população da época.

Maria Montessori e crianças na sala de vidro. Fonte: The Montessori Observer

4- A primeira escola Montessoriana foi aberta em 1906

Além das visitas em hospícios e reformatórios, ela também passou a visitar os bairros pobres de Roma como médica voluntária. As condições de vida nesses locais fizeram com que ela concluísse que “a criança é uma fonte de amor: quando você a toca, você toca o amor”.

Entre 1900 e 1902, Montessori permaneceu trabalhando na Universidade de Roma como diretora da Escola Ortofrênica, um espaço de pesquisa e ensino para as crianças com deficiência. A aproximação da área da educação fez com que Montessori apontasse diversas falhas nos livros e estudos da época. Ela se tornou professora na Universidade de Roma, na área de Antropologia Pedagógica, com renome e grande respeito.

Sua dedicação fez com que em 1906 ela fosse convidada para coordenar um grupo de 50 crianças em uma região de baixa renda chamado São Lourenço, nas extremidades de Roma. O prédio, que oferecia água potável e condições de higiene, passou a abrigar crianças de 3 e 7 anos que viviam abandonadas nas ruas do bairro e foi chamada de Casa Del Bambini (ou Casa das Crianças). 

Montessori então colocou em prática as técnicas que havia desenvolvido. As atividades propostas às crianças consistiam em cuidados pessoais, jardinagem, ginástica e práticas envolvendo os materiais didáticos elaborados por ela. 

Cenas de Maria Montessori e de uma escola montessoriana em 1931.

5- Montessori foi ativista das causas sociais

O machismo acadêmico enfrentado por Montessori durante os anos de faculdade fizeram com que ela se tornasse uma defensora do feminismo científico. Em um dos seus pronunciamento contra as opressões impostas às mulheres da época, a psiquiatra chegou a dizer: 

“As mulheres elas mesmas devem entrar nos ramos da ciência positiva [exatas e biológicas], devem argumentar com seus cérebros, e não seus corações. Mulheres… devem confrontar os homens, debater com eles, trabalhar ao seu lado, se juntar a eles na descoberta da verdade” (Conselho Internacional de Mulheres, em Londres, em 1899).

Fonte: Lar Montessori

6- A médica não acreditava na instituição do casamento e por isso acabou perdendo todos os direitos sobre o seu filho 

Montessori iniciou um relacionamento amoroso sem vínculos com seu colega médico, Giuseppe Montesano. Ela não tinha planos de se casar porque na época o casamento impedia uma mulher de trabalhar fora de casa sem a autorização do marido. 

Em 1897, a descobriu que estava grávida de Montesano e para conciliar a maternidade com a carreira, as duas famílias concordaram que ela daria à luz em segredo. Mario nasceu em 31 de março de 1898 e foi registrado como filho de pais e mãe desconhecidos. 

O menino foi entregue a uma enfermeira para criá-lo em Vicovaro, a 45 quilômetros de Roma. Ficou acordado entre Montesano e Montessori que eles cuidariam da criança à distância. Eles também concordaram que, para que isso funcionasse, nenhum dos dois poderia casar. 

Entretanto, Montesano não cumpriu sua parte do acordo. Ele e a então esposa reconheceram a paternidade da criança perante a lei, fazendo com que Montessori perdesse todos os direitos sobre Mario, que tinha 3 anos na época. Mãe e filho conseguiram estar juntos somente quando o menino já tinha 15 anos. Dali em diante, os dois nunca mais se separaram.

Em 1929, Montessori e seu filho fundaram a Associação Montessori Internacional (AMI) que permaneceria na Itália somente até 1932. Fundada para preservar a integridade do método, a associação teve sedes em Berlim, Espanha e Amsterdã, onde permanece até hoje. 

Maria Montessori e Mário Montessori, em 1950
Maria Montessori e Mário Montessori, em 1950. Fonte: Lar Montessori

7- Montessori foi presa em 1939 em decorrência da ascensão do nazismo e do fascismo

Mas a história de Montessori também foi marcada por uma polêmica política envolvendo um obscuro regime político, o facismo. Benito Mussolini chegou ao poder em 1922 e instaurou uma ditadura que destruiu as instituições democráticas. Na época, Montessori recebia muitas críticas da igreja católica e dos intelectuais do seu país pelo trabalho que desenvolvia.

Nesse contexto, a educadora se aproximou do ditador para expor seu método de ensino, que já havia sido disseminado pelo mundo mas ainda era pouco aplicado e conhecido em seu país de origem. A oportunidade de levar as descobertas de Montessori às crianças do seu país fluiu bem até que as forças opressoras do regime dificultaram demais o trabalho da médica.

A colaboração durou 10 anos e em 1933, Montessori rompe com o regime fascista após Mussolini não cumprir sua promessa de adotar o método pedagógico nas escolas italianas. Além disso, o regime nazista de Hitler fecha as escolas montessorianas na Alemanha, então Montessori decide se mudar então para a Holanda com seu filho.

Nos anos seguintes, a Espanha também sentiu os efeitos do regime facista e em 1939 começaria a Segunda Guerra Mundial. Em outubro deste ano, Montessori chegou à Índia e a viagem que duraria três meses acabou se transformando em uma prisão domiciliar. Isso aconteceu porque ela era italiana – a Itália era aliada da Alemanha – e por estar em território britânico. Mãe e filho retornaram a Holando somente em 1949. 

A aliança de Montessori com o fascimo é vista por muitos de maneira negativa porque o desde o início o governo se mostrava autoritário, tendo fundamentos na guerra, no conflito armado e no golpe contra o estado. 

Maria Montessori e seu filho Mario em uma escola escola montessoriana
Fonte: Getty Image

8-  Ao longo dos anos, Montessori foi indicada três vezes ao Prêmio Nobel da Paz, mas nunca ganhou

Não é possível apontar quais motivos levaram Montessori a não ganhar nenhuma das indicações ao Nobel da Paz. Críticos acreditam que sua passada ligação com Mussolini seja a explicação para isso.

Ambiente montessoriano em Barcelona, 1932. Fonte: Lar Montessori
Ambiente montessoriano em Barcelona, 1932. Fonte: Lar Montessori

9- Maria Montessori escreveu 21 livros em diferentes idiomas

Nem todos os livros foram publicados no idioma usada por Maria para escrevê-los inicialmente. Muitas traduções subsequentes dessas obras foram realizadas a partir de uma segunda tradução. A obra de Montessori possui uma caraterística bastante peculiar, já que o seu estilo de escrita é metafórico, ornamentado e pouco linear. Alguns comentadores de sua obra afirmam ter a impressão de que a psiquiatra tenta entregar todos os seus pensamentos sobre o tema de uma só vez, sem ordem ou estrutura.  

Capa da primeira edição do livro de Maria Montessori. Fonte: Philobiblon
Capa da primeira edição do livro de Maria Montessori. Fonte: Philobiblon

Fontes: Lar Montessori

BBC News Mundo

CATHERINE L’ECUYER para o jornal El País

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