Atualizado em 14/02/2025
Na gestão escolar, a inclusão é um pilar essencial para garantir que todos os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade. Contudo, pensar em como fazer adaptação dos materiais e das avaliações é um desafio que envolve planejamento, criatividade e o comprometimento de toda a equipe escolar.
Além de ser um direito assegurado pela BNCC e outras legislações, a adaptação de conteúdos curriculares, é fundamental para criar um ambiente de aprendizagem que respeite as diferenças e promova a equidade.
Nesse sentido, saber “como faz a adaptação dos materiais e das avaliações” exige planejamento, criatividade e o comprometimento de toda a equipe escolar, de forma a garantir que o aprendizado seja adaptado às necessidades individuais de cada aluno.
Continue a leitura e entenda mais sobre estratégias práticas para adaptação de conteúdos e avaliações, além de outros temas sobre o assunto.
Neste artigo você vai ver:
- O que é adaptação de conteúdo?
- O que a BNCC fala sobre adaptação curricular?
- Quais são os principais tipos de adaptações curriculares?
- Qual é o objetivo da adaptação?
- Como deve ser feita a adaptação curricular?
- Qual o papel do professor na adaptação?
- Quais ferramentas usar para registrar a adaptação dos conteúdos?

O que é adaptação de conteúdo?
A adaptação de conteúdo é o processo de modificar e ajustar materiais didáticos, atividades e avaliações para torná-los acessíveis a todos os estudantes, independentemente de suas habilidades ou necessidades específicas.
Essa prática é fundamental na educação inclusiva, pois garante que cada aluno possa acessar e compreender o conteúdo de maneira equitativa e personalizada.
Por isso, quando pensamos em como fazer a adaptação dos materiais e das avaliações, o objetivo é ajustar elementos como a linguagem, o formato e a apresentação dos conteúdos para atender a diferentes estilos de aprendizagem.
Por exemplo, a adaptação de provas para alunos especiais pode envolver a simplificação de enunciados, a utilização de recursos visuais ou a alteração do formato das questões, permitindo que os alunos demonstrem seu conhecimento de forma justa e eficaz.
Nesse sentido, entende-se que a adaptação de conteúdo se trata de uma ferramenta estratégica que promove a inclusão e melhora a qualidade do ensino, assegurando que todos os estudantes tenham oportunidades reais de aprender e desenvolver seu potencial.
O que a BNCC fala sobre adaptação curricular?
De acordo com a BNCC, as diretrizes para a inclusão e adaptação curricular enfatizam a necessidade de um currículo flexível e adaptável, capaz de atender às especificidades dos alunos da Educação Especial.
Segundo o documento, é essencial ajustar o conteúdo e as práticas pedagógicas para refletir as diferentes formas de aprendizagem, garantindo que cada estudante tenha acesso a uma educação verdadeiramente inclusiva.
Além disso, a legislação brasileira complementa essas orientações. A Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) estabelece diretrizes claras para a promoção da acessibilidade em diversos contextos, incluindo a educação.
Essa lei reforça a importância de políticas públicas que assegurem a formação continuada dos professores, a criação de materiais didáticos adaptados e a disponibilização de recursos tecnológicos, contribuindo para que a adaptação curricular seja uma prática constante e eficaz nas escolas.
Quais são os principais tipos de adaptações curriculares?
Se você é professor e tem dúvidas sobre como fazer adaptação dos materiais e das avaliações, é preciso partir do ponto que as adaptações podem variar em porte e foco, sendo implementadas de acordo com as necessidades específicas dos alunos. Entre os principais tipos, destacam-se:

- Adaptação de Acesso:
Modificações que garantem que o aluno tenha acesso ao conteúdo, seja por meio de recursos tecnológicos, formatos alternativos ou ajustes na acessibilidade física. - Adaptação de Conteúdo:
Alterações nos materiais didáticos para torná-los mais claros e adequados ao nível e ritmo do aluno, sem comprometer os objetivos de aprendizagem. - Adaptação de Metodologia:
Ajustes nas estratégias e métodos de ensino, visando atender às diferentes formas de aprender, tornando as aulas mais interativas e personalizadas. - Adaptação de Avaliação:
Modificações na forma de avaliação, permitindo que os alunos demonstrem suas competências por meio de provas, projetos ou outras alternativas que considerem suas habilidades individuais. - Adaptação de Objetivos:
Revisão dos objetivos de aprendizagem para que se adequem às potencialidades e necessidades específicas dos alunos, garantindo que as metas educacionais sejam realistas e relevantes.
Esse tipo de divisão sobre como fazer adaptação dos materiais e das avaliações pode ser aplicado de forma isolada ou combinada, sempre com o objetivo de promover uma educação inclusiva e eficaz para todos os estudantes.
Qual é o objetivo da adaptação?
O principal objetivo da adaptação é personalizar o ensino para atender às necessidades específicas de cada aluno.
Em outras palavras, as adaptações dos materiais e das avaliações são desenvolvidas para que, ao invés de simplificar o conteúdo, as formas de apresentação e avaliação sejam ajustadas possibilitando que cada estudante demonstre seu potencial sem barreiras.
Em uma live realizada para o Melhor Escola durante a Terceira Semana Pedagógica, Jussara Misael, especialista em gestão escolar e neuropsicóloga educacional, e Wania Emerich Burmester, mestra em psicologia da educação, abordaram, entre outros temas, como fazer adaptação dos materiais e das avaliações.
Durante a apresentação, vários pontos foram enfatizados, destacando a importância da individualidade de cada aluno e o alinhamento das expectativas entre a família e a escola para promover uma inclusão efetiva.
Para acessar o material completo apresentado pelas especialistas, confira o vídeo abaixo e veja os principais tópicos discutidos na conversa.
Adaptar não é facilitar!
Segundo as especialistas, antes de implementar as adaptações, é essencial um planejamento cuidadoso.
Isso envolve a análise do Plano de Educação Individualizado (PEI) ou do Plano de Desenvolvimento Individual (PDI), a conduta do professor, além de uma revisão das atividades e avaliações realizadas com toda a turma.
É evidente também que a flexibilidade é a base da educação inclusiva, pois muitas vezes não é necessário modificar todo o conteúdo, mas apenas ajustar a maneira como o professor aborda determinados temas.
Como destaca Wania, “a adaptação tem que parecer com um game”: as propostas devem ser desafiadoras o suficiente para evitar o tédio, mas não tão difíceis a ponto de desmotivar o aluno.
Essa abordagem balanceada é fundamental para que o processo de adaptação realmente contribua para o desenvolvimento integral dos estudantes.
Como deve ser feita a adaptação curricular?
Durante a entrevista, as especialistas compartilharam diversas estratégias sobre como fazer adaptação dos materiais e das avaliações, enfatizando que não há um modelo oficial – cada escola pode criar sua própria metodologia de adaptação.
Para facilitar a compreensão, foram abordados os seguintes pontos:
1 – Origem das alterações
As mudanças devem partir do plano de série em que o aluno está matriculado, garantindo que as adaptações estejam alinhadas ao conteúdo previsto para a turma.
2 – Respeito à individualidade
Todas as propostas de adaptação devem considerar as habilidades e competências individuais dos alunos, respeitando suas particularidades.
3 – Retomada de conteúdos
Quando necessário, pode haver a retomada de conteúdos anteriores para reforçar o aprendizado.
4 – Registro das mudanças
Além das alterações realizadas, é fundamental registrar a conduta do professor e quaisquer atividades diferenciadas – por exemplo, casos em que a criança faz terapia durante o horário de aula.
5 – Observações para o PEI
Inserir informações relevantes no PEI é essencial, registrando as especificidades de cada atividade realizada. Mesmo as propostas que não foram totalmente desenvolvidas devem ser documentadas.
A mestra em psicologia da educação, Wania, reforça que o conteúdo didático deve sempre ser apresentado integralmente à criança, respeitando seu tempo de aprendizagem.
Se necessário, os materiais podem ser complementados ou trabalhados posteriormente, mas nunca devem ser deixados de lado. Além disso, o PEI só pode ser modificado se o estudante for laudado.
Qual o papel do professor na adaptação?
É importante que o profissional preze pelos seguintes aspectos ao trabalhar com a educação inclusiva:
- Escuta ativa, ou seja, dar voz ao aluno;
- Observação focada;
- Desenvolver as atividades juntos;
- Acreditar no potencial individual de cada um;
- Registrar o desenvolvimento da criança, através de desafios e cobranças no desempenho.
Além dos tópicos mencionados, o olhar sensível em relação ao outro deve prevalecer. Deixar os estigmas e rótulos de lado é o primeiro passo para desenvolver essa sensibilidade no olhar.
Na entrevista, as profissionais citam o exemplo de como um autista com hiperfoco enxerga uma situação. Nesse sentido, não há um entendimento sobre todo o contexto, mas sim apenas de uma pequena parte do que está de fato acontecendo.
Como adaptar as atividades?
Segundo as especialistas, para saber como fazer adaptação dos materiais e das avaliações nas atividades, os professores podem seguir estas estratégias:
- Ajuste do material didático: modifique o livro didático e materiais complementares de forma individual, utilizando atividades gráficas e exercícios personalizados que desenvolvam as competências específicas de cada aluno.
- Foco nas limitações individuais: em vez de basear as adaptações apenas no laudo do aluno, o professor deve identificar e trabalhar as limitações observadas no dia a dia, tratando cada estudante como um ser humano integral.
- Manutenção do material: mesmo quando o conteúdo estiver avançado para o aluno, é importante que o material permaneça com ele, promovendo o senso de pertencimento e o envolvimento com o restante da classe.
- Comunicação com a família: alinhe as estratégias com os pais, registrando as adaptações realizadas, seja por meio de portfólio online ou outras alternativas que evidenciem a modificação das atividades.

Como adaptar as avaliações?
Para a adaptar as avaliações, o foco deve ser a individualidade de cada aluno. Veja como proceder:
- Simplificação dos enunciados: reduza os enunciados quando necessário e insira ilustrações que facilitem a compreensão, garantindo que as avaliações sejam desafiadoras, mas acessíveis.
- Utilização de recursos de apoio: disponibilize ferramentas como leitor ou escriba para alunos que necessitem, contribuindo para a efetiva adaptação de provas para alunos especiais.
- Foco na individualidade: adapte as avaliações considerando as necessidades específicas de cada estudante, de modo que todos possam demonstrar seu conhecimento de forma justa e eficaz.
Quais ferramentas usar para registrar a adaptação dos conteúdos?
Por fim, para registrar todas as adaptações dos materiais e das avaliações de forma eficaz, é importante utilizar os recursos disponíveis, tanto físicos quanto digitais. Entre as principais ferramentas, destacam-se:
Relatórios descritivos | Documentam o progresso individual dos alunos e registram as adaptações realizadas. |
Fotos e vídeos | Facilitam a comunicação das adaptações e servem como registro do desenvolvimento do estudante. |
Quadro de rubricas | Ajudam na avaliação personalizada e oferecem um feedback mais claro para alunos e famílias. |
Como vimos, saber como fazer adaptação dos materiais e das avaliações é um passo essencial para garantir uma educação inclusiva e de qualidade.
Ao utilizar ferramentas e recursos adequados, os educadores podem personalizar o ensino e atender às necessidades específicas de cada aluno, fortalecendo a interação entre escola, família e comunidade.
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