Ensinar sobre os povos originários é essencial para o desenvolvimento infantil e deve ser parte do planejamento pedagógico das escolas. Para isso, as brincadeiras indígenas são uma excelente forma de ajudar as crianças a entenderem a história e a cultura dos índios.
A Lei nº 11.645/2008, estabelece a obrigatoriedade do ensino sobre a história e a cultura indígena nas escolas brasileiras e, como educador, você sabe que jogos e brincadeiras são recursos essenciais para engajar as crianças e transmitir conhecimento.
Nesse sentido, as brincadeiras de origem indígena estão diretamente ligadas a temas sobre diversidade cultural, questões étnico-raciais e sustentabilidade, sendo uma opção lúdica e divertida de abordar esses conceitos.
Pensando nisso, separamos 8 brincadeiras indígenas para você aplicar e se divertir com seus alunos. Confira!
Neste artigo você vai ver:
- Quais são as brincadeiras indígenas?
- Como os indígenas produziam seus brinquedos?
- Quais são os brinquedos indígenas mais conhecidos?
Quais são as brincadeiras indígenas?
Muitas brincadeiras de origem indígenas já são conhecidas da nossa infância, outras são novidade, mas todas elas podem ser aplicadas na educação infantil com o objetivo de despertar o sentimento de solidariedade, coletividade e valorização da história e cultura dos povos indígenas.
Os jogos e brincadeiras indígenas são aqueles herdados das culturas desenvolvidas pelos diversos grupos indígenas do Brasil e representam a história e a preservação da memória das tribos, disseminando e perpetuando a cultura desses povos.
As brincadeiras indígenas promovem não apenas a diversão, mas também o aprendizado de valores fundamentais, como a cooperação e o respeito à natureza.
Incorporá-las no ambiente escolar é uma maneira eficaz de celebrar a diversidade cultural e ajudar as crianças a desenvolverem uma consciência crítica sobre a rica herança dos povos originários.
8 brincadeiras indígenas para se divertir com as crianças
A seguir separamos 8 ideias de brincadeiras indígenas, umas já conhecidas e outras bem diferentes, mas todas ricas em conhecimento e valores culturais para você inserir no planejamento da aula e se divertir com as crianças:
1. Arranca-mandioca
Nessa brincadeira, as crianças formam uma fila sentadas, entrelaçando os braços na cintura do colega da frente. O primeiro se agarra a um tronco ou poste, enquanto uma criança, chamada de “colhedora de mandioca”, é escolhida para ficar em pé.
A ideia é ir “puxando” cada uma para fora, até que a criança que está agarrada à outra solte as mãos de quem está na frente.
O objetivo é soltar quem está agarrado, o objetivo é tentar tirar todos e, para isso, retira-se um a um da fila! A diversão está em trabalhar juntos para se manter firme, e quanto mais entrelaçados, mais forte fica a união!
2. Heiné Kuputisü
Neste desafio de resistência e equilíbrio, os participantes, como “sacis”, correm em um pé só até uma linha de chegada a cerca de 100 metros de distância. O objetivo é ver quem consegue ir mais longe sem colocar o outro pé no chão, testando a habilidade e o equilíbrio.
A corrida é realizada em duplas, cada uma representando um time, e quem ultrapassar a linha ou chegar mais longe vence. É uma competição divertida e tradicional que ocorre no centro da aldeia, reunindo crianças e adultos.
3. Pião de Tucumã
Com um caroço de tucumã, graveto e barbante, as crianças criam um pião especial. Se o tucumã não estiver disponível, o caroço pode ser substituído pelo de outra fruta arredondada. Depois de fazer três furos no caroço e fixar o graveto, amarra-se o barbante na ponta.
Ao puxar o barbante, o pião gira e o ar que entra nos furos faz um som diferente, o que torna a brincadeira divertida e desafiadora, exigindo força e coordenação.
4. Cabas-Maë
Típica dos Tikunas, essa brincadeira divide os participantes em dois grupos: os “roçadores”, que cuidam de uma roça imaginária, e as “cabas”, representando ninhos de marimbondos. As cabas sentam em círculo, de mãos dadas, balançando as mãos enquanto cantam.
Os roçadores, imitando o ato de roçar o chão, se aproximam do “ninho” até que um deles acidentalmente toque no círculo. Nesse momento, as cabas “voam” para perseguir e “picar” os roçadores, que devem correr. Quem for “picado” é eliminado da rodada.
5. Guaraná
Guaraná é um jogo divertido de adivinhação que envolve duas equipes. As crianças se posicionam de frente uma para a outra. Um jogador, segurando uma semente de guaraná (ou uma pedra/bolinha), inicia o diálogo:
- “De onde vem?”
- “Do Pará.”
- “O que trazes pra mim?”
- “Guaraná.”
- “Então mostre já!”
O jogador mostra as mãos fechadas, e a outra equipe tenta adivinhar em qual mão está a semente. Se acertar, corre para pegar o portador do guaraná; se errar, é quem é perseguido! É uma brincadeira que mistura estratégia, rapidez e diversão.
6. Gavião e Pintinhos
Primeiro, escolha quem será o gavião e quem será a galinha; os outros participantes serão os pintinhos. O gavião tenta “comer” (tocar) os pintinhos, enquanto a galinha tenta protegê-los. Quando o gavião toca um pintinho, ele fica paralisado. A galinha pode libertá-lo tocando-o, trazendo-o de volta para a brincadeira.
Para essa brincadeira, recomenda-se pelo menos quatro participantes, e com um grupo maior, você pode adicionar mais gaviões e galinhas para deixar o jogo ainda mais animado!
7. Peikrãn ou Peteca
Peikrãn é a nossa conhecida brincadeira de Peteca. Um jogo animado que utiliza uma peteca feita com palha de milho e penas de galinha, o material da peteca é o que diferencia a brincadeira. Os alunos podem jogar individualmente, em duplas ou grupos, batendo a palma da mão na base da peteca e arremessando-a entre si sem deixar cair.
A confecção da peteca é parte da diversão: as crianças podem coletar palhas de milho, alternando entre posicioná-las vertical e horizontalmente. Após amarrar as extremidades e cortar o excesso, as penas são pressionadas na parte final, criando uma linda e colorida peteca.
8. Peixe Pacu
Nesta brincadeira, uma criança é escolhida como pescador, e os outros formam uma fila, imitando uma serpente que se move em zigue-zague. Ao comando do pescador, a fila começa a andar ou correr unida.
A meta do pescador é tocar com uma vara o último da fila, “pescando” um por um, sempre do fim para o início. Esse jogo, além de divertido, promove agilidade, estratégia e muita coordenação entre os participantes.
Como os indígenas produziam seus brinquedos?
Desde cedo, as crianças indígenas aprendem que cada brinquedo produzido utiliza elementos que a “mãe natureza” oferece, como sementes, folhas, galhos, madeira e frutos, incorporando a ideia de que tudo tem um propósito e um ciclo natural.
Nesse sentido, os brinquedos indígenas são reflexo de uma profunda conexão com a natureza e com os conhecimentos passados pelas gerações anteriores de cada tribo.
Historicamente, os índios têm a habilidade de transformar materiais simples, coletados diretamente do seu habitat, em brinquedos indígenas funcionais e educativos.
Essa criação artesanal mostra às crianças o uso sustentável dos recursos naturais, uma herança cultural rica e educativa que ensina a gratidão e o respeito pelo ambiente natural.
Uma excelente estratégia é apresentar e compartilhar as histórias por trás de cada brinquedo antes de iniciar as brincadeiras indígenas juntos com os pequenos. Você pode confeccionar alguns deles e levá-los ou então mostrar imagens e vídeos em apresentações.
Para tornar a experiência ainda mais enriquecedora, que tal planejar uma oficina de criação de brinquedos indígenas? Assim você permite que os pequenos aprendam enquanto se divertem.
Quais são os brinquedos indígenas mais conhecidos?
Assim como as brincadeiras indígenas, os brinquedos indígenas também têm um papel essencial na educação, na preservação cultural e na valorização da criatividade e da conexão com a natureza.
Como vimos, esses brinquedos, são confeccionados geralmente com materiais naturais como sementes, palha e madeira, que ensinam as crianças sobre os valores de coletividade, sustentabilidade e respeito à terra.
Muitos dos brinquedos de origem indígena carregam também um simbolismo profundo, que representa a fauna, a flora e os ciclos naturais.
O exemplo de respeito e cuidado desses povos pela natureza, mostra como cada brinquedo carrega consigo uma parte da história e dos costumes indígenas.
A seguir, veja alguns dos brinquedos indígenas mais conhecidos e seus significados.
- Pião de Tucumã – Feito com caroço de tucumã ou outro fruto similar, o pião é girado com um cordão, emitindo um som enquanto roda, representando a criatividade dos povos indígenas com materiais naturais.
- Peteca (Peikrãn) – Confeccionada com palha e penas, a peteca é jogada com as mãos, desenvolvendo coordenação e resistência.
- Bonecas de Palha – Feitas com palha e fibras vegetais, essas bonecas são símbolos de afeto e imitam figuras humanas e animais.
- Bilboquê Indígena – Brinquedo com uma pequena bola de semente, presa a uma haste de madeira por um fio, o objetivo é lançar a bola e tentar encaixá-la na haste.
- Maracá – Instrumento sonoro feito de cabaça e sementes, o maracá é usado nas danças e brincadeiras, introduzindo os pequenos à musicalidade indígena.
Como vimos, a valorização e a prática dos jogos e brincadeiras indígenas nas escolas não apenas enriquecem o repertório cultural das crianças, mas também promovem valores de respeito à natureza e ao trabalho coletivo.
Integrar essas atividades ao ambiente escolar fortalece o vínculo entre os alunos e a cultura indígena, além de estimular a criatividade e a habilidade manual.
Por isso, aos educadores e gestores, cabe a responsabilidade de promover essas experiências lúdicas, garantindo que as tradições e os saberes indígenas sejam reconhecidos e respeitados pelas novas gerações.
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