O cyberbullying não é um problema recente, essa prática sempre ocorreu. Mas o que vemos hoje é um aumento da sua agressividade e amplitude por conta do uso cada vez mais frequente da internet e das redes sociais. Nesse momento de aulas aulas online e de massiva interação virtual, é fundamental dar ainda mais atenção para o tema.
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De acordo a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), “cyberbullying é o bullying realizado por meio das tecnologias digitais. Pode ocorrer nas mídias sociais, plataformas de mensagens, plataformas de jogos e celulares. É o comportamento repetido, com intuito de assustar, enfurecer ou envergonhar aqueles que são vítimas.” Entretanto, alguns fatores tornam o cyberbullying ainda mais cruel do que o bullying.
O primeiro fator é a amplitude ilimitada do espaço virtual, que aumenta o alcance das agressões e intensifica a frequência que elas ocorrem. Por ser uma ameaça física e presencial, o bullying se restringe ao espaço escolar. O cyberbullying acontece a todo momento e em qualquer lugar.
O segundo ponto importante a ser considerado é o aumento cada mais significativo do uso da internet e suas ferramentas de comunicação. Trocar mensagens em aplicativos, compartilhar fotos e fazer qualquer outro tipo de postagem são práticas cada vez mais comuns para os jovens. Atividades comuns hoje em dia mas que podem ser alvos de agressões, considerando também não raramente informações que não deveriam ser expostas acabam indo parar na internet.
Por fim, o cyberbullying pode ser mais difícil de ser rastreado, já que as mensagens se multiplicam com uma velocidade muito grande e o autor pode não ser identificado. Além disso, as agressões também podem ocorrer de maneira anônima. Em ambos os casos intensificam o sofrimento da vítima, que se sentem ainda mais impotente.
O trabalho preventivo da escola
O primeiro passo para prevenir o cyberbullying é entender o que ele é e quais atitudes são classificadas como esse tipo de agressão. São exemplos:
- Compartilhar fotos ou montagens inapropriadas, constrangedoras ou ofensivas de alguém nas mídias sociais;
- Enviar mensagens de ameaças ou intimidação ou humilhação pelos canais virtuais (grupos de mensagem, email ou chats privados);
- Divulgar conteúdo pessoal ou íntimo;
- Assédio virtual
- Espalhar mentiras ou histórias negativas com o intuito de ofender e intimidar.
Dessa forma, o cyberbullying está muito vai ligado com a violência psicológica. Por se tratar de uma agressão virtual, a escola tem pouco controle sobre essas ocorrências. Entretanto, o trabalho das instituições deve ser focado na prevenção, por meio da orientação dos alunos sobre o problema, suas consequências e a importância da denúncia. A escola deve se mostrar um local seguro para jovens possam procurar ajuda e denunciar as agressões.
Além disso, também deve ser realizado um trabalho de conscientização nos pais, uma vez que é dever deles fiscalizar o uso da internet pelos seus filhos. A família deve estar atenta a qualquer alteração de comportamento dos jovens, tanto agressores quanto vítimas.
Nesse sentido, o diálogo é fundamental. Jovens e crianças devem ser incentivados a refletir sobre como suas ações afetam o outro. A falta de conhecimento costuma ser a motivação para as agressões. Desse modo, educadores desempenham um papel fundamental na quebra de ciclos reprodutivos de preconceito.
Para Ana Paula, Ana Paula Camilo Ciantelli, psicóloga e doutora em psicologia do desenvolvimento e aprendizagem pela Unesp, “o bullying é uma manifestação de preconceito e intolerância com as diferenças. Essa diferenças vão contra um padrão de ser humano idealizado. As diferenças podem ser raciais, sociais, econômicas, religiosas, sexuais, vinculadas ao corpo, a deficiência, dentre outras.”
Aulas remotas e cyberbullying
Nesse momento de aulas online e isolamento social, as horas investidas nas internet aumentaram, portanto, a atenção ao cyberbullying deve ser redobrada. O corpo docente deve ficar atento ao ambiente virtual para notar mudanças de comportamento, brincadeiras maldosas e qualquer indício que indique as agressões.
Com as câmeras ligadas o tempo todo, é possível que descuidos ocorram que imagens inapropriadas acabem sendo exibidas. Nestes casos, o professor deve monitorar a situação para identificar que as imagens da aula online estão sendo usadas de maneira ofensiva.
A escola deve educar sua comunidade sobre segurança digital por meio de palestras, webnários e rodas de conversas. O Brasil é o segundo país com mais casos de cyberbullying no mundo de acordo com um pequisa feita pelo Instituto Ipsos em 2018. O relatório mostra que 29% dos responsáveis relataram que seus filhos já foram vítimas de violência online e 50% dos pais afirmam que as agressões virtuais vieram de um colega de classe. Em adição, 65% dos casos aconteceram nas redes sociais.
A implatação de ações para prevenção, orientação e acolhimento são fundamentais. A escola deve trazer famílias, alunos e professores para esse debate para garantir a segurança de todos no ambiente virtual.