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Semana Pedagógica: Formação do Educador e Planejamento de Aulas na Educação Inclusiva

Dando continuidade à Terceira Semana Pedagógica, Jussara Misael (especialista em gestão escolar e neuropsicóloga educacional) e Wania Emerich Burmester (mestra em psicologia da educação) conduziram o segundo encontro, voltado para a formação do educador e planejamento de aulas na educação inclusiva. 

De início, foi destacado que a educação inclusiva depende da organização pedagógica, ou seja, o educador deve pensar em estratégias inclusivas de maneira organizada e planejada. A formação, estudos constantes, especializações e contato com os pais dos alunos são maneiras de criar esse planejamento. As profissionais aconselham também conversas informais sobre o tema, entre rodas de conversa, por exemplo.

Preparamos neste texto os principais pontos que foram abordados na live. Porém, você também pode assistir ao vídeo completo pelo link abaixo. Ele já está disponível no YouTube! 

Qual o primeiro passo para aplicar a educação inclusiva? 

Antes de iniciarem a fala, Jussara e Wania apresentam ao público um vídeo que viralizou do canal Show do Thiago, em que o garotinho faz um experimento com flores. A ideia é mostrar como o jeito que você trata alguém pode afetá-lo, principalmente com as palavras e tom de voz. “Todo ser vivo reage ao comportamento de outro ser vivo”, explicam. 

Elas exemplificam com uma situação que pode ser cotidiana na sala de aula: lidar com um aluno mais violento. Esse estudante irá perceber como o professor ou outro profissional se sente em relação a ele, e usará isso como forma de defesa. A maneira de lidar não é eliminando esse comportamento, mas sim encontrando uma maneira de contorná-lo.

Casos mais comuns nas escolas apresentados por Jussara e Wania

  • Dislexia

Distúrbio de leitura e escrita. Além de explicarem detalhes sobre o diagnóstico, também dão dicas de como lidar, como por exemplo a partir da inversão de cores na escrita (deixar as letras brancas em um fundo preto).

  • Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)

Marcado por agitação e questões neurológicas, desorganização da leitura e compreensão e dificuldade em memorizar conteúdos ou fórmulas. Adaptações que permitem o estudante fazer consultas durante as atividades, ou oferecer novos objetos para manter a atenção, são recursos que podem ser utilizados.

  • Autismo (TEA)

As características mais recorrentes são: andar nas pontas dos pés, ter muita organização ou ser metódico. Nem sempre a criança vai ter características que se destacam no aspecto social, além de haver a possibilidade de ter outras comorbidades que podem estar associadas. É mencionada e desmistificada a questão de ter mais meninos autistas do que meninas. Isso ocorre, na verdade, pela dificuldade em diagnosticar as garotas durante a infância, tendo em vista que a forma como se comportam é muito mais “aceita” do que quando comparada com a de um garoto.

  • Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) 

Pode ser confundido com crianças mal educadas, por exemplo, devido ao comportamento mais desafiador, desobediente, implicante e impaciente. O diagnóstico vem para mudar essa conduta e contribuir para a vida escolar e social do aluno. Nota-se um sentimento de rancor e vingança nas situações de crise, por isso esta não é a hora indicada para fazer a abordagem. 

  • Altas habilidades

Não necessariamente é a criança que vai bem em tudo. Geralmente, ela tem dificuldade em socializar, participar das aulas e entregar as lições de casa. Pode ser vítima de bullying na escola e estar em um quadro depressivo. O baixo desempenho escolar está relacionado ao tédio quanto aos conteúdos tradicionais, por isso pode ser aplicado o enriquecimento curricular para estudantes assim, por exemplo: quando a turma estiver aprendendo sobre soma e subtração, passe probleminhas mais complexos ou com números maiores para esse aluno com altas habilidades. Progredir para multiplicação e divisão não é o caminho.

  • Distúrbio de Processamento Auditivo Central (DPAC)

A criança escuta bem, mas não compreende com facilidade o que foi dito. É difícil de diagnosticar, mas existe tratamento e é feito com fonoaudiólogo. É um tipo de distúrbio neurológico.

  • Prosopagnosia

Quando há dificuldade em reconhecer o rosto de outra pessoa, sendo uma condição de nascença ou adquirida ao longo da vida, por ser causada a partir de uma deformação no cérebro.

Como lidar com casos assim de maneira ética?

Os diagnósticos citados podem ser confundidos e muitas vezes são rotulados pelo capacitismo. É válido ressaltar que os professores e a escola não devem diagnosticar nenhum aluno, essa é uma função de equipes multidisciplinares compostas por médicos, psicólogos e fonoaudiólogos. O máximo que os profissionais da educação podem fazer é orientar os responsáveis a procurar ajuda desses especialistas.

Ao falar sobre uma criança com algum distúrbio, refira-se a ela pelo próprio nome, não pela condição apresentada. Esse tipo de comportamento, inclusive, deve ser aplicado com o restante da turma. Não é necessário dizer para a sala que aquela pessoa é autista, por exemplo. Faça isso apenas se o próprio indivíduo quiser abordar o assunto com os colegas. Mostre à classe que todos ali são diferentes e têm suas próprias particularidades, inclusive você, enquanto adulto. 

10 formas de como ter um programa de inclusão efetivo na escola

1) Acredite que é possível. 

2) Estabeleça vínculo afetivo e de confiança com o aluno.

3) Tenha parceiros com quem trocar ideias, aprendizagens e angústias.

4) Mantenha a sensibilidade no olhar.

5) Nunca subestime uma criança ou adolescente.

6) Cuidado com a sua expectativa.

7) Estude sempre e mantenha-se atualizado sobre o tema.

8) Faça parcerias com a família e especialistas. 

9) Aplique adaptações individuais e personalizadas na educação.

10) Conheça a individualidade de cada aluno.

E quem deve compor a equipe de inclusão?

O professor é a figura central na equipe, pois para aplicar a educação inclusiva é necessária a graduação em pedagogia. Porém, auxiliares e estagiários também podem fazer parte. Jussara e Wania ressaltam que o grupo precisa ter bom senso, criatividade e amor ao exercer essa função.

Além disso, elas também reforçam que o atendimento individualizado pode acontecer, como sempre ocorreu. A sala de recursos e o responsável de Atendimento Educacional Especializado (AEE) são importantes, principalmente para os casos que possuem essa demanda, porém não devem tirar a autonomia da criança. 

Por fim, é ressaltado que cada pessoa tem uma forma individual de aprender e ensinar, por isso se deve ouvir os alunos e conhecer suas habilidades e limites. Caso necessário, sente e converse com o estudante, para entender o que ele tem a expor, seja pela fala, atitudes ou olhares. 

Sugestões de conteúdos para se aprofundar 

  • Filme: Temple Grandin;
  • Série: Atypical;
  • Série: Uma Advogada Extraordinária;
  • Série: The Good Doctor;
  • Livro: O Que Todo Professor Precisa Saber Sobre Neurologia.

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