Quem é o Gestor 3.0? O mundo já enfrentou diversas crises ao longo de sua história: pandemias, guerras e recessões econômicas. Mas o que definiu a sobrevivência de empresas e sistemas durante esses acontecimentos foi a capacidade de seus líderes em se adaptar. Ninguém esperava que uma pandemia marcasse 2020, muito menos que reinventaríamos nosso modo de viver por conta do vírus. Entre erros e acertos, é possível aprender quais são as competências necessárias para enfrentar crises e ser um gestor 3.0.
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Na última semana, a Rafaela Fogaça, diretora comercial do Melhor Escola, nos deu uma aula ao vivo sobre as competências que o gestor escolar precisa ter para superar crises. Separamos aqui alguns pontos principais, mas você pode assistir o conteúdo completo no link abaixo.
A crise trazida pelo novo coronavírus (COVID-19)
De acordo com dados da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), mais de 1,5 bilhão de crianças e adolescentes ficaram afastadas das escolas por conta da pandemia. No Brasil, foram mais de 52,8 milhões de estudantes afetados, incluindo os alunos matriculados na educação superior.
Com as aulas presenciais suspensas desde março, estima-se que no mercado de educação básica pelo menos metade das escolas de médio e pequeno porte fechem as portas até o final de 2020. Na educação infantil, esse número chega a 80%. No contexto geral da sociedade, esse cenário é crítico tanto para os gestores quanto para os pais e alunos.
Embora a quarentena esteja se flexibilizando em todo o país, ainda existe muita incerteza sobre o retorno das aulas e o cumprimento do ano letivo 2020. O clima de insegurança que predomina há alguns meses forçou mudanças em todos os âmbitos da escola, desde o fazer educação até a gestão escolar.
Nas palavras da Rafaela, “a mudança é a única certeza que nós temos e, para a gente ter mudanças como algo tão constante, precisamos estar muito bem preparados.” Essa preparação deve acontecer nos contextos de habilidades e competências socioemocionais. Por isso, analisando o cenário da pandemia do novo coronavíruas e relacionando o momento com experiências passadas, Rafaela separou as seis competências do gestor 3.0.
Competências do Gestor 3.0
Para buscar novas estratégias e vencer desafios, a liderança deve romper as barreiras da hierarquia e colocar a equipe como parte ativa do planejamento estratégico. O gestor 3.0 deve enxergar seus colaboradores como peça integrante das estratégias e conduzir de forma bastante clara o direcionamento da instituição.
Em um cenário instável, que sofre constantes mudanças, é fundamental que todos saibam para onde estão indo e qual é a importância de cada um para o atingimento dos objetivos. Nesse contexto, a expressão “a união faz a força” ganha um significado mais completo. Para Rafaela, o gestor 3.0 é “o agente da transformação.”
1. Flexível e adaptável
Embora seja uma competência cognitiva – estudos apontam que a flexibilidade é formada até os 20 anos de idade (aproximadamente) – ela também pode ser aprendida e desenvolvida. A flexibilidade nada mais é do que estar integrado ao meio social em que vivemos. Em um contexto de crise, a flexibilidade aparece no momento em que se aprende a ouvir o que o mercado está precisando. A partir disso, é possível pensar em como se adaptar ao novo cenário.
Não é raro encontrar grupos resistentes a mudanças, indo contra as evidências, sendo mais rígidos, e até mesmo negando o enfrentamento daquele momento. Entretanto, essa postura se mostra cada vez mais contraprodutiva.
Fazendo uma analogia, durante crises, a mudança é como uma árvore com frutos que é plantada em nosso quintal. As etapas de plantio e cultivo não existem e é preciso aceitar qualquer que sejam os frutos dessa árvore, sendo eles agradaveis ou não. Desse modo, a postura do gestor 3.0 é procurar estratégias para colher esses frutos da melhor maneira possível, se adaptando a realidade para tirar o melhor proveito da situação.
2. Tem visão inovadora
Trata-se de enxergar o que realmente é necessário fazer para a mudança acontecer. Além de cumprir seu papel social, a escola também cumpre um papel como empresa prestadora de serviço educacional. Desse modo, assim como qualquer outra empresa dos demais setores, a escola precisa enxergar o que o seu mercado está pedindo e se perguntar “qual é a necessidade do o que o meu cliente?”.
O gestor é o guia para toda a equipe, portanto, precisa ter o entendimento de que nada é permanente. A pandemia mostrou para o mundo todo como a busca por inovação deve ser constante ao longo do trabalho de todas as áreas. Essa visão inovadora também se relaciona com a competência anterior, pois sem flexibilidade para se adaptar ao mercado, a inovação tem pouco valor. Inovação também é gestão.
No mercado da educação, vimos o quão importante é a conexão para o desenvolvimento da aprendizagem. Essa conexão não se restringe a conexão via internet, mas também no tocante ao relacionamento com as pessoas. Quando a escola literalmente invadiu as casas, as famílias foram peças chave para auxiliar os professores na realização de seu trabalho pedagógico.
3. O gestor 3.0 é engajador
Engajamento pode ser desenvolvido somente com transparência. Quando falamos que o gestor 3.0 vence as barreiras da hierarquia, falamos diretamente do envolvimento dos colaboradores como um todo. A comunicação do gestor 3.0 deve ser sempre muito clara para conseguir o engajamento das equipes administrativa e docente, bem como das famílias.
Desse modo, a gestão consegue aproximar cada uma das pontas e criar uma uma rede de proteção ao aluno, que é o foco do serviço educacional prestado. Mas para que isso seja possível, a comunicação deve ser usada para criar um ambiente saudável de trabalho, no qual cada colaborador tem consciência da importância do seu trabalho para conquista do objetivo da escola.
Ainda sobre esse ambiente de trabalho, a próxima competência contribui também para o engajamento do time.
4. Incentiva a autonomia
Olhando para antigos modelo de gestão, podemos observar considerável resistência no que diz respeito ao incentivo a autonomia. Isso porque a autonomia muita vezes pode ser vista como uma perda do controle que os chefes exercem sobre os funcionários. Hoje, sabemos que fazer com que as pessoas mostrem todo o seu potencial só traz vantagens para o ambiente de trabalho.
Portanto, o gestor que consegue estimular a autonomia dentro de suas equipes, dentro de limites estratégicos e valores definidos, consegue agregar mais ideias aos planejamentos do que se estivesse trabalhando nele sozinho. Assim, incentivar a autonomia dentro dos times, e no aluno, vai fazer com que a transformação na escola seja menos rígida e dolorosa, uma vez que beneficia todos os envolvidos.
Incentivar a autonomia também significa confiar. Nesse sentido, a escola deve não apenas confiar em seus times, como também confiar nos alunos. O estímulo a autonomia traz consigo o desenvolvimento de uma segunda competência: a tomada de decisão. No caso específico dos alunos, essas duas competências combinadas incentiva-os, desde de cedo, a não terem medo de tomar iniciativas e errar. No futuro, essas habilidades cognitivas farão diferença no mercado de trabalho.
5. O gestor 3.0 tem clareza do cenário, mas não para
Como já falamos até aqui, o gestor 3.0 sabe ouvir e enxergar o mercado. Desse modo, ele sabe que negar uma crise é a pior atitude que ele pode adotar. A negação faz com que a situação se agrave e a instituição pode não sobrevier ao momento de crise. Importante ressaltar que isso não significa entrar em pânico.
Uma vez que o gestor vê e escuta as necessidades do cliente, ele pode priorizar atividades e atacar as situações que ele tem controle. Em um cenário de crise, muitas situações dependem de fatores externos para que sejam solucionados. No caso da pandemia, a volta às aulas presenciais, por exemplo, não depende do gestores, mas sim dos governantes. Os gestores não podem controlar a data de retorno das aulas mas podem preparar toda a escola para quando o momento acontecer.
Ainda sobre a clareza de cenário, é fundamental estar aberto para receber feedbacks. Realidades diferentes trazem vivências diferentes sobre um mesmo cenário, portanto, a comunidade escolar pode contruir com pontos de vistas diferentes. Essa análise mais ampla garante um planejamento estratégico mais eficaz e completo.
6. Ágil
Agilidade é outra competência que pode facilmente ser confundida com o botão de pânico. Contudo, tomar decisões rápidas não significa tomar decisões impensadas. Agilidade quer dizer olhar o cenário, ouvir o cliente e entender que é preciso ser ágil para pensar na solução.
Contando com o apoio de toda a equipe, é possível criar estratégias e direcionar os esforços do time para atacar o foco dos problemas. Engajamento, lembra? Portanto, uma boa comunicação está presente durante a análise de cenário, na elaboração das estratégias e no momento de sua aplicação. É preciso se comunicar com o mercado para conseguir absorver as demandas e posteriormente entregar as soluções.
A união faz a força
Embora sejam dolorosos, momentos de crise proporcionam muitos ensinamentos. Sabemos que nada será como antes e que sairemos de 2020 mais fortes do que entramos. A empatia se mostrou uma habilidade essencial para a vida e aprendemos que a troca de experiências pode beneficiar a todos.
O gestor 3.0 conta com o apoio dos seus funcionários, sabe que a família desempenha um papel fundamental no processo de aprendizagem e entende que não deve medir esforço em oferecer o que o aluno precisa.