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O Impacto da Tecnologia na Educação: Gerenciando a Atenção em um Mundo Conectado

Todo educador já se encontrou na situação de chamar a atenção de um aluno distraído durante uma aula, seja pelo uso inadequado do celular ou mesmo quando o dispositivo está devidamente guardado. No cenário contemporâneo, marcado pela onipresença da tecnologia, as salas de aula enfrentam desafios significativos quando se trata de manter a atenção dos alunos.

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A pesquisa conduzida pela professora Jeanine Turner, da Universidade de Georgetown, revela que a ideia de desligar os smartphones como solução para a distração não é eficaz, dada a natureza assíncrona das comunicações modernas. A atenção, como recurso limitado, é alocada de maneira fragmentada, o que impacta profundamente as interações sociais e, por extensão, o ambiente educacional.

O que é atenção orçamentada?

Turner introduz o conceito de “atenção orçamentada“, comparando a atenção a um recurso finito que precisa ser gerenciado estrategicamente para otimizar as relações significativas. Mesmo em um contexto educacional, onde a multitarefa parece uma habilidade necessária, a pesquisa sugere que, ao tentar fazer várias coisas ao mesmo tempo, perdemos qualidades importantes nas interações, especialmente no que diz respeito à escuta.

A professora compartilha sua observação sobre a mudança na dinâmica das salas de aula ao longo de suas duas décadas de experiência em Georgetown. Antes, as interações informais entre os alunos eram comuns, promovendo a construção de relacionamentos. No entanto, a prevalência dos dispositivos conectados alterou essa dinâmica, levando os estudantes a preferirem interações virtuais mesmo estando fisicamente presentes. A dificuldade em fazer novas amizades pessoalmente é evidenciada, impactando negativamente a criação de um ambiente de aprendizado colaborativo.

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Quando confrontada com a questão das soluções, Turner destaca a necessidade de uma “presença competitiva” por parte dos educadores. A ideia é convencer os alunos da relevância dos tópicos abordados, criar um ambiente de diálogo e estabelecer normas colaborativamente. A abordagem intencional e estratégica é crucial para envolver os estudantes em um espaço de aprendizado que valorize a presença social e estimule a participação ativa.

A docente enfatiza a importância de reconhecer que, em um mundo saturado de estímulos digitais, os educadores competem constantemente pela atenção dos alunos. A atenção agora é uma escolha ativa por parte dos discentes, que decidem momentaneamente entre focar na aula ou nas distrações oferecidas por seus dispositivos.

A problemática do uso de smartphones em sala de aula gera debates acalorados entre educadores, pais e especialistas em educação. Existem argumentos a favor e contra a proibição do uso desses dispositivos, e a decisão final sobre como regulá-los cabe a cada instituição de ensino, levando em consideração suas particularidades e necessidades.

Principais argumentos a favor da proibição do celular na sala de aula:

  • Distração: A principal preocupação é que os smartphones podem ser uma grande distração para os alunos, desviando sua atenção do conteúdo das aulas e dificultando o aprendizado.
  • Cyberbullying: O uso de smartphones pode facilitar o cyberbullying, um problema sério que afeta a saúde mental e o bem-estar dos alunos.
  • Vício: O uso excessivo de smartphones pode levar ao vício, impactando negativamente o desenvolvimento social e psicológico dos alunos.
  • Problemas de saúde: O uso excessivo de dispositivos eletrônicos pode causar problemas de saúde como fadiga ocular, dores de cabeça e problemas de sono.

Principais argumentos contra a proibição do celular na sala de aula:

  • Educação: Smartphones podem ser ferramentas de aprendizado valiosas, permitindo o acesso a informações, pesquisas e recursos educativos.
  • Comunicação: Os smartphones podem ser usados para comunicação entre alunos e professores, facilitando o feedback e a resolução de dúvidas.
  • Engajamento: O uso de smartphones em atividades pedagógicas pode aumentar o engajamento dos alunos e tornar o aprendizado mais interativo e interessante.
  • Preparação para o futuro: Em um mundo cada vez mais conectado, é importante que os alunos aprendam a usar a tecnologia de forma responsável e produtiva.

Ao levantar impacto nas discussões em sala de aula, Turner ressalta um estudo realizado em parceria com outro colega de Georgetown. Este estudo revela que, ao tentar realizar multitarefas durante uma apresentação, os participantes perdiam informações cruciais, especialmente quando confrontados com pontos desafiadores. Isso levanta a preocupação de que a falta de atenção comprometa a qualidade das discussões e prejudique o ambiente de aprendizado, que deveria ser um espaço seguro para explorar perspectivas diversas.

A professora ainda destaca a correlação entre a promoção da diversidade, equidade e inclusão e a necessidade de aceitar o conflito. Valorizar a diversidade não é apenas aceitar opiniões diversas, mas criar um ambiente seguro para expressá-las. Turner argumenta que a inclusão demanda a disposição de enfrentar conflitos, pois é nesse contexto que as opiniões divergentes podem ser compartilhadas e compreendidas.

Em última análise, a pesquisa de Turner destaca a necessidade urgente de repensar abordagens pedagógicas para se adaptar a um ambiente saturado de tecnologia. A atenção fragmentada e a competição constante por ela exigem estratégias inovadoras para manter o engajamento dos alunos e garantir que os espaços educacionais continuem a ser locais de aprendizado significativo e inclusivo.

A decisão de proibir ou não o uso de smartphones em sala de aula é complexa e exige uma análise cuidadosa dos argumentos a favor e contra, levando em consideração o contexto de cada instituição de ensino. Independentemente disso, uma vez que esta tecnologia está intrínseca à nossa vida, é crucial buscar soluções que permitam o uso responsável da tecnologia como ferramenta de aprendizado, sem comprometer o foco e o engajamento dos alunos em sala de aula, ou em suas vidas sociais no mundo real.

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