Conforme o isolamento social se flexibiliza, escolas se preocupam com a volta às aulas após a quarentena. No Brasil, embora alguns municípios tenham autorizado as escolas a retomarem as atividades presenciais, a grande maioria ainda permanece fechada. Isso porque a realidade diversa do país fez com que cada estado tenha enfrentado a crise de uma forma diferente. Em São Paulo, por exemplo, ficou a cargo dos municípios determinar o retorno das aulas presenciais, respeitando sempre os critério do Plano São Paulo.
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No dia 07 de outubro, o Ministério da Educação (MEC) apresentou um guia para retorno das aulas presenciais na educação básica. No documento, o governo afirma ter elaborado o protocolo sanitário tendo como base as orientações de entidades multilaterais,como a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização PanAmericana de Saúde (Opas), a Unesco e o Unicef.
Um trecho do afirma que “cumpre ressaltar que a decisão de retorno às aulas presenciais deve ser tomada pelos governos subnacionais de acordo com orientação das autoridades sanitárias locais”. Desse modo, caberá às prefeituras e governos estaduais, em conjunto com as escolas, decidir um retorno gradual ou de todos os alunos de uma vez.
Volta às aulas após a quarentena ao redor do mundo
Entre os dias 11 e 23 de março, as aulas nas redes estaduais, municipais e privadas de ensino foram suspensas como medida para conter a propagação do novo coronavírus (COVID-19). De acordo com dados da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), mais de 1,5 bilhão de crianças e adolescentes ficaram afastadas das escolas por conta da pandemia. No Brasil, foram mais de 52,8 milhões de estudantes afetados, incluindo os alunos matriculados na educação superior. [Dados atualizados em 14/10]
Ao redor do mundo, a reabertura das escolas foi marcada por muitos desafios. Especialistas afirmam que o processo exige cautela e planejamento. Na França, o relaxamento do lockdown ocorreu em maio, possibilitando que algumas escolas abrissem de forma voluntária, sem exigir a presença dos alunos. Pouco tempo depois da reabertura, pelo menos 70 casos foram registrados e algumas escolas chegaram a ser fechadas novamente.
A mesma situação foi observada na Coreia do Sul, país que vem sendo considerado referência no combate ao coronavírus. Na capital Seul, mais de 200 escolas precisaram fechar logo após a retomada das aulas devido a novos surtos da doença.
Entretanto, além dos cuidados em relação à higiene, também deverão ser observados os impactos psicológicos e emocionais causadas pela quarentena nos estudantes e professores.
Isso é o que diz a nota técnica publicada pelo Todos Pela Educação, organização sem fins lucrativos que trabalha para melhorar a Educação Básica no Brasil. O documento foi produzido por meio de uma pesquisa realizada com países e regiões que já passaram por suspensão prolongada das aulas.
Não será uma volta ao ponto em que paramos
Sem dúvida o momento que estamos vivendo ainda é de muitas dúvidas e poucas certezas. Podemos dizer, com certeza, que mesmo com o fim da quarentena, não voltaremos para o ponto em que paramos em Março. A afirmativa se aplica para todos os setores, incluindo a educação.
Até o momento, professores e gestores não mediram esforços para garantir a proximidade entre alunos e escola durante a pandemia. Com a suspensão do calendário escolar, as aulas realizadas a distância, mediadas por recursos tecnológicos, visavam diminuir os impactos do fechamento das escolas na aprendizagem dos alunos.
A pandemia exigiu de todos a adoção de novos hábitos e o fim da quarentena não deverá representar uma volta ao normal. No Brasil, a curva epidemiológica atingiu um platô mas isso não significa que estamos livres da doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que não é possível prever quando, ou se, o novo coronavírus vai desaparecer. Isso significa que deveremos estar preparados para adotar novas rotinas e organizar estratégias para lidar com as três frentes da crise: econômica, social e sanitária.
Volta às aulas somente com medidas de higiene e distanciamento social
Tendo como base as experiências de outros países, como China, Coreia do Sul, Finlândia, Dinamarca, França, Inglaterra e Portugal, é possível dizer que o processo é bastante detalhado. A volta às aulas após a quarentena deve ser observada de perto e feita de maneira gradual. Dentre as medidas adotadas pelas escolas, os gestores deverão estar preparados para adotar as seguintes medidas em suas instituições:
1- Uso obrigatório de máscara e luvas para todos;
2- Desinfecção dos espaços da escola antes das aulas começarem, durante a permanência dos alunos e depois que eles forem embora;
3- Controle de temperatura na entrada;
4- Lavagem de mãos por várias vezes ao longo do dia. Desinfecção combinada com o uso de álcool em gel (70%);
5- Grupos menores de alunos por sala;
6- Distanciamento de pelos menos 1m;
7- Horários diferentes de entrada, intervalo e saída;
8- Afastamento de professores do grupo de risco;
9- Manter os ambientes arejados.
10- Não cumprimentar com aperto de mãos, beijos e abraços
11- Não compartilhar objetos de uso pessoal, como copos e talheres, nem materiais didáticos, brinquedos ou jogos
Não existe um modelo único de diretrizes a serem adotadas por todos os estados, visto que o número de casos e a gravidade da crise sanitária varia em cada região do país. Além disso, cada estado tem priorizado diferentes cliclos de ensino na volta às aulas presenciais após a quarentena.
Nesse sentido, vale ressaltar a importância do olhar para as crianças nos primeiros anos de escola. Com a reabertura de comércios e escritórios, os pais precisam retornar a suas rotinas de trabalho fora de casa e as crianças precisam de um lugar para ficar.